Polícia Rodoviária Federal escoltou cargas de combustível para reduzir desabastecimento

Aos poucos combustíveis chegam aos postos, mas situação levará uma semana para se normalizar


Aos poucos a greve dos caminhoneiros, que já nove dias, está perdendo força. Na manhã desta terça-feira 29 ainda há bloqueios em 18 estados, mas os postos de combustíveis das principais cidades do País já começam a ser reabastecidos.

A situação, porém, está longe do ideal e deve demorar pelo menos uma semana para voltar ao normal, disse o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) Aurélio Amaral. O mesmo se espera em relação às cargas com alimentos e demais insumos.

Segundo ele, há uma maior fluidez de abastecimento em grandes cidades como Rio de Janeiro e Brasília, depois que algumas associações de caminhoneiros responsáveis pelo movimento recomendaram o fim da paralisação.

Também contribuiu para a melhora no abastecimento de combustíveis a realização de escoltas de tropas federais a caminhões-tanques por todo país. "A situação está melhorando. No RJ já há postos com algum combustível. Em Brasília já não há mais bloqueio nas bases de distribuição, com caminhões saindo em comboios e postos já abastecendo", disse o diretor da ANP à agência de notícias Reuters. "Dependendo da logística de cada lugar, volta ao normal em cerca de uma semana, mas em alguns lugares até mais de uma semana", acrescentou.

Na noite de domingo, o governo federal cedeu e editou medidas provisórias atendendo a todas as demandas do grevistas. A principal delas é uma redução de 0,46 centavos por litro no preço do diesel, que valerá por 60 dias. Após esse período, os reajustes só poderão ser mensais. O objetivo é dar previsibilidade para o cálculo do valor do frete, que também passa a contar com uma política de preços mínimos.

Mesmo após o acordo entre governo e grevistas as paralisações continuam na segunda-feira 28 e ganhou força o caráter político de parte do movimento, com o aumento do número de manifestante pedindo 'intervenção militar'.

Na tarde de ontem, cerca de 20 caminhões, a maior parte de transporte de geradores, veio à avenida Paulista somar-se a um ato que defende a saída de Michel Temer e pede a ascensão dos militares ao poder. Alguns dos veículos estampavam faixas a pedir uma intervenção no País.

Defendida por alguns autônomos, a pauta autoritária não é uma orientação das principais entidades que lideraram o movimento. Em nota publicada no domingo 27, José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam, afirmou que o pedido "está equivocado e não será o remédio apropriado para a nossa situação".

Na nota, o presidente da Abcam demonstra preocupação com o fato de "a maioria dos participantes dessa grande e única manifestação" defenderem uma solução autoritária para o País e se diz "assustado com essa posição".

Desabastecimento

A falta de combustíveis e seus diversos reflexos sobre a oferta de produtos e serviços é o que mais tem atingido a população nesses dias de greve. Dez dos 54 aeroportos do Brasil administrados pela Infraero estão sem combustível.

Em comunicado, a Infraero disse que está em contato com órgãos públicos relacionados ao setor aéreo "para garantir a chegada dos caminhões com combustível de aviação aos aeroportos administrados pela empresa". Dos 346 voos programados até às 9h nos aeroportos administrados pela Infraero, 28 tinham sido cancelados e 24 estavam com atraso.

Em São Paulo, a estimativa do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) era de que 99% dos postos da cidade estavam sem combustíveis.

Também na capital paulista a circulação de ônibus segue limitada a 70% da capacidade nos horários de pico e 60% nos demais períodos e o rodízio de veículos continua suspenso na cidade. Para amenizar os transtornos, as linhas de trem e metrô funcionam em período estendido, com início às 4h e fim à 1h de quarta (30), com exceção da linha 13-Jade da CPTM, recém-inaugurada e em operação assistida das 10h às 15h. Por isso, a rede pública de ensino manteve as aulas. Nas Universidades, porém, pelo menos 20 unidades estão com as atividades canceladas.

No Rio de Janeiro, após a escolta militar de caminhões-tanque, a prefeitura informou que as aulas da rede municipal, suspensas na segunda-feira, serão retomadas nesta terça, assim como o transporte público na região metropolitana, que voltará a funcionar com 100% da capacidade, incluindo o BRT.

Em Brasília, o governo informou ter capacidade para manter 100% do transporte público em funcionamento até quarta-feira 30. Por isso, as aulas da rede pública serão retomadas.


CartaCapital


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