Nicola Pamplona, na Folha, mostra o que a Associação do Engenheiros da Petrobras e os sindicados dos petroleiros já vinham denunciando: a Petrobras, sob a gestão de Pedro Parente, ampliou as exportações de petróleo bruto e aumentou as importações de diesel (e de gasolina) já refinados.
A produção nacional de óleo diesel atingiu no primeiro trimestre de 2018 o pior nível para o mesmo período desde 2003.(…)
Com a política de preço de reajustes diários atreladas à variação do câmbio e do preço do petróleo, adotada pelo ex-presidente da Petrobras, Pedro Parente, era mais vantajoso para a estatal importar o produto, daí a redução da produção nacional e o aumento da importação.
Tão “vantajoso” que quase um terço da capacidade das refinarias da empresa está sendo mantido ocioso, sem produzir.
Não é preciso ser nenhum gênio financeiro que essa “vantagem” cai espetacularmente com a alta do dólar, porque boa parte dos custos de refino, aqui, são em reais.
Pamplona relata que “o país produziu 9 bilhões de litros de diesel no primeiro trimestre, volume 9,2% inferior ao verificado no mesmo período de 2017 e 25% menor do que o recorde atingido em 2013”. Com isso, as importações são as maiores do século e custaram ao Brasil US$ 1,8 bilhão nos primeiros três meses do ano.
Os números retratam a míope ideologia do dinheiro contábil, que foca nos centavos que se pode ganhar na “oportunidade” de taxas de câmbio e eventual ociosidade de parques fabris externos, em lugar de cuidar da aformação dos nossos recursos próprios.
É a mesma – lembram-se?- que dizia ser uma “burrice” fazer aqui plataformas e navios, já que se os podia encomendar por algumas dezenas de milhões a menos na Coreia ou na China.
A mesma que fez toda a pressão que pôde contra a Refinaria Abreu e Lima, planejada justamente para ter o diesel como um dos seus mais fortes produtos.
Por mais que os “moderninhos” do capitalismo financeiro queira que a qualidade da economia de um país seja medida como num livro-caixa, é obvio que país – exceto os microscópicos, que podem viver da intermediação financeira como paraísos ou “semiparaísos” fiscais não se desenvolvem sem industrialização.
Era assim há um século e – olhem a própria China ou Coreia- é assim ainda hoje.
Eles não “saneiam” empresas, eles jogam o país no esgoto.
São os mascates do Brasil.
TIJOLAÇO