Como antecipei há alguns dias, inclusive em depoimento ao Jornal Nacional (que evidentemente não foi ao ar) e em diversas entrevistas a órgãos de imprensa nacionais e internacionais (que foram publicadas), o presidente da Petrobras, Pedro Parente, caiu.
Ao contrário do escarcéu que farão nas primeiras horas (para especular com isso, inclusive), não há NADA demais nisso. A Petrobras continua uma empresa de economia mista, rica e forte.
Pedro Parente pede demissão, mas ao Congresso caberá ainda investigar o processo insistente de importar diesel enquanto as refinarias ficavam ociosas, e as operações de compra. A CPI já contava com assinaturas suficientes ontem.
Ao mercado deve ser explicado que ações da Petrobras são de empresa com participação majoritária do Governo Brasileiro – se por um lado pode parecer uma limitação, por outro é uma vantagem. É uma empresa com vantagens que as demais, no mesmo mercado, não possuem – a saber: ser sócio da Petrobras significa ter, no Brasil, hegemonia na logística, maior market share, produção de cru próxima às suas próprias refinarias, dutos e terminais próprios, conhecimento e dados, reservas asseguradas no PreSal, preferência na escolha de áreas, mercado igualmente próximo e o fato de não falir!
Portanto, investidores que querem bombar em uma semana, invistem em startups, rising stars, empresas de gestão e mercados múltiplos ou em petroleiras globais. A ação da Petrobras é para investidores conservadores que procuram segurança e retorno regular bem definidas.
Alguém tem que voltar a colocar as coisas no seu devido lugar: o delírio de que a ação da Petrobras é como a da Shell ou da OGX tem que ser esclarecido! É uma empresa de economia MISTA, que o governo irá, sim, utilizar como instrumento de política setorial sempre que necessário. Do contrário, que se passe a preconizar diretamente a sua privatização – e que se arque com as consequências disso.
As vantagens de ser acionista da Petrobras estão vinculadas à performance do PIB e do Governo brasileiro. Esta ação sempre foi (e continuará sendo) “blue chip” mesmo sem preços oscilando na bomba em tempo real. O governo brasileiro é sócio majoritário e quem quiser ser sócio dele, seja. Quem não quiser, venda pois que sempre haverá quem queira, senão hoje, amanhã.
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Jean-Paul Prates é consultor na área de energia.
Foto: Jean-Paulo, na entrevista que deu à Globonews, quando sua fala ia ao ar
DCM