Sob o governo Bolsonaro, a Comissão ainda não forneceu detalhes acerca do processo envolvendo João. A família recebeu a certidão de óbito retificada, o que já é uma "conquista" nas palavras da irmã, mas o desfecho só virá com informações sobre os restos mortais
Por Jornal GGN
Sônia Haas mostra a certidão retificada em frente ao busto em homenagem ao irmão, João Carlos, em São Leopoldo — Foto: Thales Ferreira / Prefeitura de São Leopoldo
Aos 31 anos, João era médico, filiado ao PCdoB e morava no Maranhão quando decidiu se mudar para a região da guerrilha do Araguaia, onde foi assassinato.
No novo documento, recebido no dia 22 de agosto pela irmã, Sônia Haas, está escrito que João “faleceu entre setembro e outubro de 1972, sendo a data mais provável o dia 30 de setembro de 1972, sendo Xambioá, Tocantins, no âmbito do evento reconhecido como Guerrilha do Araguaia, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985.”
A data da entrega da certidão não poderia ser mais simbólica: poucos dias antes do 30 de agosto, Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados, instituído pela ONU em 2011.
Em outros países que atravessaram a Ditadura Militar, o 30 de agosto reúne milhares de pessoas em atos públicos pela memória dos desaparecidos políticos há muitos anos. Aqui no Brasil, um ato foi organizado em São Paulo pelo coletivo Vozes do Silêncio nest ano, com a participação da procuradora Eugênia Gonzaga, ex-presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos. Ela foi destituída do cargo depois de cobrar explicações da Presidência sobre ataques de Jair Bolsonaro a vítimas da Ditadura.
Sob o governo Bolsonaro, a Comissão ainda não forneceu detalhes acerca do processo envolvendo João, comentou o G1. A família recebeu a certidão de óbito retificada, o que já é uma “conquista” nas palavras da irmã, mas o desfecho só virá com informações sobre os restos mortais.
“Não é fechamento, porque precisamos localizar os restos mortais e termos respostas sobre o que aconteceu. Não há referência concreta sobre como e onde aconteceu esta morte. Isso nos falta. O que ocorreu com esses corpos? Ninguém nos responde”, afirmou.
João Carlos Haas Sobrinho nasceu em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, em dia 24 de junho de 1941. Formou-se em medicina pela Universidade Federal do estado e foi presidente do centro acadêmico da faculdade. Três anos depois do golpe militar, mudou-se para o Nordeste, onde atendia a população pobre em um consultório.
Em meados de 1969, João foi para a região do rio Araguaia, no Tocantins, para auxiliar a guerrilha. “A hipótese mais forte, segundo a família, é que tenha sido morto em combate com militares em 30 de setembro de 1972. Porém, até este ano, esta suposição não havia sido confirmada, já que o corpo não foi encontrado”, contou o G1.
GGN
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