A expressão não é estranha para os mais velhos, acostumados a ouvi-la ser usada contra os jovens que se opunham à ditadura.

Mas, ironicamente, mais de 40 anos depois, ela se encaixa à perfeição justo num adepto do regime militar que a subversão da ordem democrática levou ao poder num desatino eleitoral e institucional.

Nada define melhor Jair Bolsonaro do que classificá-lo como um elemento desagregador.

Dividiu a sociedade, dividiu nosso país do mundo, divide agora até seu próprio grupo de apoiadores.

Jair Bolsonaro não tem nenhuma noção de poder que não seja aquela em que ele e seu clã familiar expressem sua autoridade e seu mando.

O poder é pessoal e familiar e tudo e todos lhes servem enquanto a ele servirem incondicionalmente.

Se pretenderem ter um minuto de ideias próprias, logo são trazidos à rédea e devidamente enquadrados ou, se a heresia for pessoal, atirados fora.

Valel para qualquer um, reconheça-se. Paulo Guedes e Sergio Moro, os ex-superministros, já aprenderam que é assim e mudaram seu comportamento.

O primeiro, de falante, calou-se. O segundo, de calado, passou a ladrar fidelidade canina.

Não construiu uma maioria política, passou a administrar o Congresso, como se sabe, oferecendo-lhes a ração mesquinha das emendas parlamentares, sem a qual (que o ouçam os puristas) nossos parlamentares não aquietam.

À falta de ideias, programas e ações de governo, Bolsonaro tenta mover a sociedade a ódios, acusações e xingamentos.

Não há objetivos, há apenas obstáculos que devem ser eliminados.

Um país em frangalhos, como o nosso, enfiado numa crise que dura anos já, não se recupera sem algum grau de unidade e tolerância.

E isso é o contrário do que Bolsonaro nos dá.

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