Aécio Neves

Redação Pragmatismo

"A eleição foi limpa, perdemos porque faltou voto". Declarações de Aécio e do seu vice ocorrem horas após novo ataque sem provas de Bolsonaro ao sistema eleitoral. Presidente chegou a ameaçar que eleição do ano que vem corre o risco de não acontecer

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez nesta quinta-feira (8) novas ameaças em relação ao pleito do ano que vem, quando ele deve disputar a reeleição.

“Eleições no ano que vem serão limpas. Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, declarou a apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada. A fala foi transmitida por um site bolsonarista.

A principal estratégia do presidente é questionar a segurança das urnas eletrônicas, sistema usado desde 1996 e considerado eficiente e confiável por autoridades e especialistas no país.

O próprio Bolsonaro foi eleito para o Legislativo usando o sistema em diferentes ocasiões, assim como venceu o pleito pelo Palácio do Planalto da mesma forma.

Bolsonaro disse também ter um levantamento “feito por gente que entende do assunto” que apontaria a vitória do candidato do PSDB naquela eleição. “O Aécio foi eleito em 2014”, declarou, sem apresentar provas, em entrevista à Rádio Guaíba.

7 anos de atraso

Após a mais nova ameaça de Bolsonaro ao sistema eleitoral e à democracia, o candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial de 2014 disse que a vitória de Dilma Rousseff (PT) foi justa. O reconhecimento de maneira clara e objetiva surge com sete anos de atraso.

“A eleição foi limpa, nós perdemos porque faltou voto. É evidente que Bolsonaro não tem prova nenhuma sobre nada, porque não houve fraude”, afirmou o tucano Aloysio Nunes. Naquele disputa, Dilma foi reeleita com 52% dos votos, ante 48% do tucano Aécio, com vantagem de cerca de 3,5 milhões de votos.

Apenas dois dias depois da eleição, Aécio e o PSDB ingressaram na Justiça Eleitoral para questionar o pleito. A atitude gerou insegurança e motivou manifestações que se seguiram durante todo o segundo mandato de Dilma. Ela caiu menos de dois anos após ser reeleita.

Aécio Neves também se manifestou. Ele afirmou que a discussão sobre a confiabilidade da urna eletrônica e a possível adoção do voto impresso, defendida por Bolsonaro, ficou “contaminada pelo radicalismo dos discursos”.

“Eu não acredito em fraude em 2014 e tampouco que as urnas de primeira geração devam ser tratadas como cláusulas pétreas e que não possam evoluir”, disse Aécio.

Mudança de contexto

Aécio Neves era o candidato preferido da grande mídia na eleição de 2014 e recebeu o apoio da imprensa ao não aceitar a derrota à época. Os veículos de comunicação foram cúmplices do tucano naquela irresponsabilidade.

A História revelaria, mais tarde, que aquela ofensiva para deslegitimar a vitória de Dilma foi crucial para a ascensão de Jair Bolsonaro. Diante do cenário caótico em que o Brasil agora se encontra, a mídia e o PSDB certamente estão arrependidos, mas jamais irão admitir culpa. 

pragmatismopolitico.com.br


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