Foto: José Cruz/Agência Brasil

Pesquisa mostra que, mantendo um apoio fiel de cerca de 30% da população brasileira, os que hoje apoiam Bolsonaro não são os mesmos do início de 2018


GGN
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Jornal GGN – As consequências da pandemia no Brasil já vem modificando o perfil dos bolsonaristas, aqueles que defendem o presidente Jair Bolsonaro. Mantendo um apoio fiel de cerca de 30% da população brasileira, com o avanço do governo, os grupos que hoje o apoiam não são, contudo, exatamente os mesmos do início de 2018. É o que mostra o estudo “Bolsonarismo no Brasil”, feito pelos pesquisadores Carolina de Paula, João Feres Jr., Walfrido Jorge Warde Jr. e Rafael Valim, divulgado nesta sexta (20).

A pesquisa qualitativa, que foi feita entre os dias 15 e 30 de maio, em 6 capitais do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Curitiba, Belém e Recife) junto a 24 grupos de eleitores de Bolsonaro, mapeou quem são os bolsonaristas. A conclusão é que houve uma mudança demográfica: o mandatário perdeu apoio entre os mais escolarizados e de maior renda, mas, ao mesmo tempo, ganhou junto a setores menos escolarizados e mais pobres.

“A despeito dessas movimentações, é inegável que Bolsonaro conseguiu até agora fidelizar um público de apoiadores numericamente expressivo, mesmo em cenário incrivelmente adverso que combina forte crise econômica, os efeitos da pandemia da Covid-19, com os quais sua administração tem lidado com extrema incompetência, e denúncias de corrupção em seu governo”, revelam.

Foram tratados junto a esses eleitores temas como economia, família, questão de gênero, segurança nacional, corrupção, militares no governo e a pandemia.

E, em muitos destes temas, os bolsonaristas, hoje, não são unânimes. A defesa incondicional da família tradicional, por exemplo, é vista entre os “bolsonaristas sólidos”, principalmente evangélicos que não se arrependeram do voto. De modo geral, todos os bolsonaristas, contudo, criticam o que chamam de “ideologia de gênero” que teria sido ensinado nas escolas pelos governos do PT.

Ao tratar de segurança pública, a posse de armas não é, tampouco, uma defesa unânime nos grupos bolsonaristas. Entre os que defendem, ainda, há divergências sobre a flexibilização de armas exigir uma fiscalização e controle maior, além de testes psicológicos, entre outros.

Há, ainda, uma discordância da posição dos defensores do presidente Jair Bolsonaro sobre a presença de militares no governo. Constatou-se que “há um sentimento predominante de rechaço a uma eventual volta da ditadura militar, mesmo entre os mais apaixonados defensores do presidente”. Nesse sentido, criticam as escolhas de alguns militares por Bolsonaro no governo, como o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Ainda assim, a pesquisa indicou que os bolsonaristas tem uma imagem “amena” da ditadura do regime militar no Brasil, como algo não tão ruim.

Sobre a pandemia, curiosamente, a grande maioria dos participantes da pesquisa defendem a vacinação e afirmam que iriam tomar o imunizante contra a Covid-19. Esse foi um dos principais temas de discórdia entre bolsonaristas arrependidos, ou seja, aqueles que se arrependeram de ter votado no mandatário. Enquanto que os apoiadores defendem que Bolsonaro foi “cauteloso” com a compra da vacina, para justificar os atrasos, arrependidos se indignaram com a postura do presidente.

Ainda neste tema, a ampla maioria dos bolsonaristas defendeu que valeria a pena tentar tratamentos precoces não recomendados e não comprovados cientificamente contra a Covid-19.

Entre os principais fatores para se indetificarem como bolsonaristas, estão o anti-petismo e a bandeira “contra a corrupção”, presente no discurso de todos os entrevistados. Bolsonaristas arrependidos, por exemplo, criticaram o fim da Lava Jato e criticam as acusações contra os filhos do presidente.

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