Convocada no domingo (1º), a greve representa uma das maiores manifestações públicas contra o manejo da guerra pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, desde o 7 de outubro
vermelho.org.br
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Uma ebulição social está chacoalhando Israel desde domingo (1º), quando 300 mil pessoas foram às ruas de Tel Aviv para protestar contra a decisão do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em não alcançar um acordo de cessar-fogo e troca de reféns na Faixa de Gaza. Na manhã desta segunda (2), o país amanheceu sob intensa greve geral na maior dissidência entre a população e o governo desde o início da guerra, em 7 de outubro do ano passado.
A revolta ocorre após o exército anunciar, na manhã do domingo, ter recuperado o corpo de seis reféns israelenses em túneis operados pelo Hamas. De acordo com o porta-voz do exército Daniel Hagari, a estimativa é de que eles foram assassinados entre 48 e 72 horas antes dos militares encontrá-los.
Três deles seriam libertados na primeira fase de uma proposta de cessar-fogo discutida em julho. Calcula-se que ainda 101 reféns estejam vivos.
O governo de extrema direita de Netanyahu tem dificultado o acordo de cessar-fogo e troca de reféns ao mesmo tempo que tensiona um novo conflito com o Hezbollah e o Irã. O objetivo do premiê é estender a guerra no Oriente Médio por mais tempo para fugir da Justiça do país.
Na tarde de domingo, 300 mil pessoas foram às ruas de Tel Aviv nos maiores protestos desde março de 2023 (na ocasião, a população protestava contra a reforma judicial proposta por Netanyahu para fugir de condenações). A imprensa local estima que outras 200 mil pessoas se manifestaram em outras cidades.
Após os protestos, a Histadrut (Organização Geral dos Trabalhadores), a principal central sindical do país, convocou uma greve geral que paralisou vários setores da economia do país. Associações patronais também aderiram à paralisação.
O aeroporto Ben Gurion, o principal do país, ficou fechado por duas horas, entre às 8h e às 10h do horário local. Voos de chegada continuaram durante esse período, segundo a Autoridade de Aeroportos de Israel.
Os transportes públicos, geridos por empresas privadas, foram parcialmente afetados e escolas permaneceram fechadas. Os hospitais anunciaram funcionamento no modo Shabbat, quando os judeus descansam e se impõe restrições para o período religioso.
A Histadrut informou que bancos, alguns grandes shoppings e repartições públicas também aderiram à greve.
“Precisamos chegar a um acordo [sobre o retorno dos reféns sobreviventes]. Um acordo é mais importante do que qualquer outra coisa”, disse Bar-David, presidente da Histadrut, em entrevista coletiva. “Estamos recebendo sacos para cadáveres em vez de um acordo”.
Os defensores do cessar-fogo e críticos de Netanyahu argumentam que um acordo pelo fim da troca de ofensivas poderia ter salvado as vidas dos seis mortos.
A Associação dos Fabricantes de Israel disse que o governo falha em seu “dever moral” de trazer os reféns de volta com vida. “Sem o regresso dos reféns não seremos capazes de acabar com a guerra, não seremos capazes de nos reabilitarmos como sociedade e não seremos capazes de começar a reabilitar a economia israelense”, declarou o chefe da associação, Ron Tomer.
Há meses, mediadores do Catar, Egito e Estados Unidos tentam convencer o Hamas e Israel a fechar um acordo para um cessar-fogo que inclua uma troca de reféns por prisioneiros palestinos detidos por Israel, mas até agora sem sucesso
O governo de Netanyahu tem apostado na vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcadas para o dia 5 de novembro, o que lhe garantiria um cheque em branco para continuar e terminar a destruição de Gaza.
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