Dólar e petróleo sobem, mas criptomoedas e as ações caem mesmo nos EUA


Opera Mundi
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Os mercados de ações asiáticos abriram em queda esta segunda-feira (03/01) depois que os Estados Unidos impuseram tarifas de importação de 25% aos produtos do México e Canadá e de 10% aos da China. Só o petróleo e a energia do Canadá é que foram taxados com menos, 10%.

Ao mesmo tempo, o dólar norte-americano teve alta em todo o mundo, aproximando-se da cotação do euro. Em relação ao Yuan chinês, a alta foi recorde e frente ao dólar canadense chegou ao nível mais alto desde 2003. Caiu também a cotação das criptomoedas, enquanto o petróleo subiu de preço.

As ações das montadoras japonesas e sul-coreanas Toyota, Honda e Kia, grandes exportadoras, lideraram as quedas nas bolsas de valores na Ásia. Toyota e Nissan caíram mais de 5% e a Honda e a Kia, cerca de 7%.

A Nissan do México exporta cerca de 300 mil veículos ao ano para os Estados Unidos para onde segue também 80% da produção da fabrica mexicana da Honda. As empresas sul-coreanas de baterias para veículos elétricos e seus fornecedores também sofreram queda.

Montadoras puxam queda nas bolsas asiáticas

A bolsa de Taiwan (Taiex) caiu 4,4%, puxada pela queda de mais de 6% na empresa de semicondutores TSMC. O índice Topix do Japão caiu 2,3%, o Kospi, da Coreia, 2,4% e, em Hong Kong, o índice Hang Seng abriu em queda de 0,9%. As quedas foram lideradas por grandes exportadores globais como Samsung LG e a montadora Kia. Na China, as bolsas de valores não abriram pelo feriado no ano novo.

Na Austrália, a ASX200 fechou nesta segunda-feira em queda de 1,79% , com as mineradoras de ferro acompanhando a queda da commodity diante da perspectiva de queda no crescimento global.

O mercado de futuros europeus também caiu até 3,4% e o euro se desvalorizou 2,3% frente ao dólar depois de o presidente dos Estados Unidos declarar que os produtos da União Europeia (UE) seriam os próximos taxados. “Definitivamente acontecerá com a União Europeia, posso lhe dizer isso”, disse Donald Trump.

O impacto internacional das medidas protecionistas de Trump deve ser muito maior do que aquele provocado no seu primeiro mandato. Os três países afetados até o momento compõem cerca de 40% das importações dos Estados Unidos, algo em torno de US$ 1,3 trilhão.

De volta ao protecionismo do entreguerras

“Para colocar isso em perspectiva, no primeiro governo Trump, os Estados Unidos visaram cerca de US$ 350 bilhões em produtos chineses”, disse o estrategista o Deutsche Bank, Jim Reid ao The Guardian.

Wikimedia commons | Todas as bolsas de valores do mundo caíram segunda-feira, inclusive nos Estados-Unidos
Wikimedia commons | Todas as bolsas de valores do mundo caíram segunda-feira, inclusive nos Estados-Unidos

“Isso é enorme em comparação a qualquer coisa vista em décadas com relação ao comércio global (…), nos leva de volta ao período protecionista entre as duas guerras mundiais em termos de escala de tarifas”, conclui o Riad.

Ele avalia que caso se mantenham por período prolongado, essas tarifas poderiam levar o Canadá e o México a uma recessão, um choque maior do que foi o Brexit para o Reino Unido.

Já a Bloomberg Economics estima que as tarifas anunciadas para a china podem derrubar 40% das exportações chinesas para os Estados Unidos, o que representaria 0,9% do PIB desse país.

Terá efeito sobre inflação, geopolítica e crescimento

A agência classificou as medidas protecionistas de Trump como “o mais amplo ato de protecionismo adotado por um presidente dos EUA em quase um século, dado seu efeito cascata em tudo, desde a inflação até a geopolítica e o crescimento econômico”.

Mas também o mercado norte-americano de ações reagiu de forma negativa às medidas protecionistas adotadas pelo país. A bolsa de futuros S&P 500, que reflete as 500 empresas de maior destaque em cinco setores econômicos, que costuma ser considerado indicador de tendências globais, caiu 1,6%. Os futuros da Nasdaq caíram 2,2%, enquanto o mercado de futuros europeu caiu 3,4%.

O bitcoin caiu mais de 6% enquanto a segunda maior criptomoeda em valor de mercado, o ether, caiu quase 27%.

Trump reconheceu que as tarifas impostas aos três países podem causar sofrimento “de curto prazo” para os norte-americanos já que devem prejudicar o crescimento e reacender a inflação.

“Podemos ter um pouco de dor a curto prazo e as pessoas entendem isso. Mas a longo prazo, os Estados Unidos foram roubados por praticamente todos os países do mundo.”

‘A guerra comercial mais idiota da história’

Editorial do Wall Street Journal chamou as tarifas de Trump de “a guerra comercial mais idiota da história”. O jornal disse que as medidas “lembram a velha piada de Bernard Lewis de que é arriscado ser inimigo da América, mas pode ser fatal ser seu amigo”, acrescentando que a justificativa para “o ataque econômico aos vizinhos não faz sentido”.

Trump respondeu em suas redes sociais que não tolerará mais o “roubo de décadas da América” de países que devem aos Estados Unidos porque compram menos do que vende. Segundo ele, os três já tarifados devem 36 trilhões de dólares aos Estados Unidos.

Os três países alvo das medidas de Trump já anunciaram medidas em retaliação. O Canadá publicou uma lista de produtos dos EUA que também terão tarifas de 25% a partir de terça-feira, quando entram em vigência as medidas norte-americanas.

A China disse que entraria com uma ação judicial na Organização Mundial do Comércio (OMC) e propôs aos Estados Unidos um diálogo franco que fortalecesse a cooperação. Segundo vários meios, a intenção da China é se comprometer a aumentar as importações dos Estados Unidos, retomando um acordo firmado e nunca cumprido.



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