Por Brizola Neto
“O IBGE confirmou os números do Banco Central sobre a evolução do PIB em 2011: expansão de 2,7%.
Pouco, de fato, diante das previsões de 4,5% feitas no início do ano.
Mais, porém, que a média dos oito anos de FHC/PSDB/DEM (2,3%) e um pouco mais que a média do primeiro período Lula (2,6%).
E muito, por dois fatores.
O primeiro, os efeitos devastadores da crise mundial, que jogaram no negativo as economias do mundo desenvolvido e, até mesmo, refrearam de forma inédita o expansionismo econômico da China que, com seu câmbio controlado, é quem passa por menos problemas ante a avalanche de US$ 8 trilhões que, desde o final de 2008, inflacionaram o mundo através das injeções do governo americano e da União Europeia [para os EUA, basta rodar a sua maquineta de fazer dólares, espalhá-los pelo mundo e azar dos outros].
O câmbio, atingido em cheio por esse “tsunami” foi, como você vê no gráfico acima, o responsável pelo item mais negativo para a expansão do PIB: as importações, que cresceram três vezes acima da expansão da economia.
O segundo fator – e os dois merecem ser considerados uma unidade – são as outras partes, além do câmbio, do tripé neoliberal do qual ainda não nos livramos completamente: inflação e juros.
O ano começou com uma ação forte – e mais importante que isso, crescente – de contenção da atividade econômica como antídoto à inflação. Óbvio que, àquela altura, não se poderia prever que a crise externa se tornaria também outro depressor da economia e, na prática, o resultado foi uma “overdose” que atirou a economia a partamares mais baixos do que se previa.
Agora, ao contrário, a queda contínua da inflação – que, para desespero dos “roda-presa”, vai chegar muito perto do centro da meta, de 4,5% ao ano – estimula recuperação progressiva do consumo e a redução mais ousada da taxa de juros.
Por isso, a questão cambial tem tomado o centro das atenções da área econômica e as constantes advertências de que se imporá controles ao fluxo de capitais.
Por isso, a reação dos países ricos, criticando o “protecionismo” brasileiro, que não é, nem de longe, suficiente para compensar o artificialismo que o câmbio induz às relações de troca e, portanto, à dinâmica interna da economia.
Seja como for, nenhuma medida será capaz de revitalizar sozinha o desequilíbrio amplamente favorável ao país em matéria de balança comercial. É urgente - e estratégico – prosseguir no fortalecimento do mercado interno, de um lado, e na seletividade das encomendas industriais do setor mais promissor da economia, sobre o qual remanesce o controle estatal: o petróleo do pré-sal, além da agroindústria e da mineração, onde o potencial brasileiro nos confere vantagens estratégicas.
E, de outro lado, via redução dos juros e, com isso, do serviço e dos encargos da dívida, aliviar o Estado brasileiro da sangria permanente que nos obriga a uma carga tributária paralisante sobre setores vitais da economia e apequena a capacidade pública de investimento – estatal e paraestatal – sem a qual jamais nos tornaremos um país desenvolvido.”
FONTE: escrito por Brizola Neto em seu blog “Tijolaço” (http://www.tijolaco.com/o-pior-do-novo-e-mais-que-o-melhor-do-velho/). [Imagem do Google e trecho entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].
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