Em 30 de junho de 1859, o intrépido Charles Blondin, cujo verdadeiro nome era Jean-François Gravelet, levou a cabo uma proeza que marcou época nos espetáculos acrobáticos. Ele foi a primeira pessoa na história a cruzar a garganta das Cataratas do Niagara em uma corda bamba, algo que realizaria em repetidas ocasiões ao longo de sua vida e que o converteram em um dos melhores acróbatas de todos os tempos.
O feito, realizado a 50 metros acima da garganta da Niagara no trecho em que o rio desaba, foi testemunhado por cerca de 5 mil espectadores. Trajando malha rosa e uma túnica amarela, Blondin caminhou ao longo de um cabo medindo 5 centímetros de diâmetro e 370 metros de comprimento com o auxílio apenas de uma vara para ajudá-lo no equilibrio e evitar que mergulhasse na perigosa correnteza abaixo.
Foi a primeira de uma série de caminhadas na corda bamba sobre as Cataratas do Niagara levadas a efeito pelo “O Grande Blondin” de 1859 a 1860. Suas performances de equilibrista, como ele mesmo alertava, tinham sempre distintas variações dramáticas, inclusive com os olhos vendados; com seu agente montado às suas costas; sentando-s e a meio caminho para fritar um omelete; subir numa cadeira apoiada em apenas uma das pernas; empurrando um carrinho, vestido de macaco. Em 1861, apresentou-se no Palácio de Cristal em Londres, dando cambalhotas com pernas-de-pau sobre uma corda esticada a 56 metros acima do solo.
Em 1829, anos antes do feito, o pequeno Jean-François, com apenas 5 anos, voltou para casa entusiasmado depois de passar a tarde vendo um espetáculo circense de uma companhia de circo mambembe, no povoado francês de Saint-Omer.
O primeiro ato do garoto foi atar uma corda em duas cadeiras e tentar caminhar sobre ela tal como havia visto fazer os artistas circenses. Tentou inúmeras vezes, caía e se levantava, porém conseguia caminhar cada vez mais longe sobre a corda.
Seu pai, um entusiasta do esporte e do exercício físico, o estimulou a continuar tentando. Matriculou-o na prestigiosa escola de ginástica da cidade de Lyon, onde aprendeu de forma acelerada todas as técnicas acrobáticas.
[Periódicos da época reportaram o feito]
Em apenas seis meses de exercícios e treinamento, os responsáveis de sua educação física decidiram apresentá-lo em público para que fizesse sua estreia no mundo dos espetáculos. Por entusiasmar os espectadores foi logo apelidado de “O Pequeño Prodígio”.
Aos 9 anos, após o repentino falecimento de seu pai, Jean-François passou a se apresentar profissionalmente como forma de ajudar financeiramente a familia. Percorreu o país inteiro, realizando espetáculos nas melhores tendas circenses. Em 1851 conheceu William Niblo, quem o contratou para realizar uma importante turnê que o levaría quatro anos mais tarde a Nova York. Foi por essa ocasião que decidiram mudar seu nome artístico para Charles Blondin, debido a que dois artistas mais dividiam o sobrenome Gravelet e assim evitar confusões.
A partir de então seus êxitos em terras norte-americanas foram uma constante, realizando grandes proezas até que em 30 de junho de 1859 cruzou a garganta das Cataratas del Niágara, caminhando sobre uma corda num percurso de 370 metros e a 50 metros de altura por cima da agua. Ao longo dos anos repetía a proeza, acrescentando porém uma dificuldade nova.
A fama mundial de Charles Blondin não teve fronteiras, sendo visto pelas grandes personalidades de seu tempo. Abraham Lincoln chegou a dizer em 1864 que exercer a presidencia era estar na corda bamba a exemplo de Charles Blondin. Blondin prosseguiu atuando nos melhores cenários ante as mais seletas plateias até pouco antes de seu falecimento em 22 de fevereiro de 1897, dois dias antes de cumprir 73 anos.
Algumas crônicas asseguram que ganhou uma fortuna que superava os 400 milhões de dólares da época.
Opera Mundi
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