Ao revelar que a soma das intenções de voto de Lula supera, por 39% a 30%, o total atingido pelos principais concorrentes à eleição presidencial de outubro, o instituto Vox Populi mostra um povo que resiste com bravura aos ataques contra o candidato que representa seus direitos e conquistas.
Não se assiste, em lugar nenhum do mundo, nem mesmo sob a ditadura mais feroz, na latitude mais atrasada, a um espetáculo equivalente àquele que os brasileiros e brasileiras tem sido condenados a acompanhar todos os dias neste maio-junho de 2018.
Sempre que lhe perguntam, o eleitor diz que seu candidato a presidente é Lula. Perguntam mais uma vez, ele confirma -- e assim tem feito indefinidamente, desde que os institutos de pesquisas tentam descobrir o que os 100 milhões de brasileiros pretendem fazer com seu voto para presidente, expressão máxima da soberania popular, num país onde o artigo 1 da Constituição diz que o fundamento da República se encontra nos poderes do povo.
Como sabemos, não adiantou perseguir, condenar e prender Lula. De nada serviram as manchetes desonestas, as mentiras sob encomenda, o cinismo bem remunerado. De tanto falar, anunciar e prometer, a Lava Jato não convence mais. Não engana mais.
Como o próprio Lula avisou, o país mudou para muito pior. O eleitor, não.
Quando, nessas circunstâncias que todos conhecemos, milhões de brasileiros e brasileiras dizem que pretendem eleger Lula no primeiro turno, cabe observar que a cela que lhe foi reservada, um cubículo de 15 metros quadrados na sede Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, é pequena demais para o momento histórico de quem, mais do que nunca, tornou-se protagonista de nossos destinos.
Num nação tantas vezes enganada, que sabidamente perdeu o rumo em abril de 2016 e a partir de então vive em sucessivas jornadas de atropelo, desordem e tumulto a beira de seus próprios abismos, o cidadão que a maior parcela de eleitores gostaria de ver instalado no Planalto a partir de janeiro de 2019 não pode e não deve seguir na rotina de prisioneiro perseguido e sempre pré-condenado, num ambiente de poucos metros quadrados, com direito a poucos minutos de banho de sol por dia e nenhum contato direto com o povo.
Sua condenação é uma grande injustiça mas não só. É um escândalo e um escárnio, com provas documentais que obrigam uma revisão da sentença, como a França teve a humildade de fazer com o capitão Dreyfuss, um século atrás.
Acima de tudo, é um atalho para varias voltas atrás nas rodas da nossa História, um desvio para anular os avanços reais obtidos, a muitas conquistas parciais alcançadas. O que se quer é um atraso sem volta -- e sem voto.
É por isso que se quer impedir os brasileiros e brasileiras de votar em Lula.
Brasil 247