"Há setores da sociedade e até do parlamento que não entendem ou não querem entender a consciência dos trabalhadores", diz presidente do STF
Publicado por Eduardo Maretti, da RBA
JAÉLCIO SANTANA / FORÇA SINDICAL
Presidente do STF defende que os principais representantes do Judiciário dialoguem com o movimento sindical
São Paulo – A participação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, em evento promovido pela Força Sindical e pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, na manhã desta sexta-feira (30), em São Paulo, foi saudada pelo deputado federal Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP), “num momento em que a democracia corre risco todos os dias” e em uma conjuntura na qual “os bandidos estão soltos e o presidente Lula está preso”.
O governo Jair Bolsonaro, disse o parlamentar, desfere “todos os dias um ataque para tirar direitos dos trabalhadores”. O Executivo está destruindo “o coração do sindicalismo, na medida em que tira a contribuição dos sindicatos”, acrescentou. “Como os sindicatos podem defender o direito dos trabalhadores sem ter recursos nem pra pôr gasolina no carro para ir na porta de uma empresa?”
Toffoli defendeu a Justiça do Trabalho “num país que ainda, infelizmente, é tão desigual socialmente e onde cumprir as leis é tão difícil”. E destacou: A Justiça do Trabalho é extremamente importante para garantir o direito de todos nós, porque todos somos trabalhadores”.
Segundo o ministro do STF, em um evento realizado nesta quinta-feira em Brasília, um jornalista questionou sobre a Justiça dizendo que ela “é muito cara”. “Ele perguntou: por que precisamos de Justiça? Um jornalista, fazendo essa pergunta!” Segundo Toffoli, o repórter era da CBN. “Você acha que o seu patrão, perguntei a ele, pagaria sua remuneração em dia, cumpriria o contrato de trabalho de maneira regular se ele não tivesse como ser cobrado, caso não cumprisse o contrato de trabalho, e se não tivesse a Justiça do Trabalho?”, contou.
Toffoli também comentou a autonomia sindical introduzida pela Constituição de 1988. Até então, “quem organizava as eleições nos sindicatos era o Ministério Público do Trabalho, como se os trabalhadores não tivessem a capacidade de se auto-organizar”, lembrou.
“Essa consciência que têm os trabalhadores brasileiros, infelizmente, há setores da sociedade e até do parlamento que ou não entendem, ou não querem entender. Não sei com que objetivo, mas não é a defesa da democracia”, disse.
Ataques à democracia
No evento, o presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que Bolsonaro quer “a destruição de um dos pilares da democracia e da defesa da sociedade, que é o movimento sindical”.
Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, os ataques à democracia já viraram rotina no país e simples críticas ou divergências em relação ao governo bastam para qualquer agente político ser taxado de comunista. “Até o João Doria já virou comunista”, ironizou. Numa “live” colocada no ar na quinta-feira, Bolsonaro afirmou que Doria “era amigão do Lula, da Dilma” e que “quando estava mamando lá, a bandeira era vermelha com um ‘foiçasso’ e um martelo sem problema nenhum, né?”
Toffoli cobrou que os principais representantes do Judiciário dialoguem diretamente com os trabalhadores e o movimento sindical. “Geralmente, as pessoas vão falar na Fiesp, na Febraban, em locais como o sistema financeiro e com grandes empresários. E a gente também tem que ouvir os trabalhadores. Temos que ouvir aqueles que estão defendendo com bastante dificuldade os interesses da grande maioria da população brasileira.”
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) declarou que “a presença no sindicato do presidente da Corte constitucional brasileira, um dos poderes da República, é um gesto de apoio à democracia”.
Rede Brasil Atual
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