A atriz Meryl Streep durante o Festival de Veneza, em 1° de setembro de 2019.REUTERS/Piroschka van de Wouw

As pessoas mais ricas do mundo estão fazendo uma "piada de mau gosto com todos nós", disse a estrela de Hollywood Meryl Streep neste domingo (1°). Ela protagoniza um novo filme baseado no escândalo Panama Papers, que estreou no Festival de Veneza.


A atriz norte-americana interpreta uma viúva traída por uma trapaça financeira em "The Laundromat", uma sátira hábil ao labirinto de empresas que os criminosos e os super-ricos usam para esconder seus bilhões.

"Este filme é divertido e engraçado, mas é realmente importante", disse Streep a repórteres no Festival de Veneza.

O diretor Steven Soderbergh mostra como o vazamento maciço de documentos de 2016 do escritório de advocacia Mossack & Fonseca do Panamá expôs as artimanhas que os ricos e poderosos fazem para evitar pagar impostos - em geral legalmente.

O escândalo causou ondas de choque em todo o mundo quando foram expostas as negociações offshore de líderes em vários países, levando à renúncia do primeiro-ministro islandês, Sigmundur Davio Gunnlaugsson.

Mas, em vez de considerar os parceiros da firma como bandidos obscuros, o diretor Steven Soderbergh permite que a dupla - interpretada pelo ator britânico Gary Oldman e pelo ator espanhol Antonio Banderas - cave suas próprias covas, com narrativas em primeira pessoa.

"Essa é uma maneira engraçada de contar uma piada de mau gosto, uma piada que riu de todos nós", disse Streep a repórteres em Veneza.

Streep valoriza trabalho dos jornalistas na revelação de escândalos


"Mas é um crime não sem vítimas, e muitos deles são jornalistas. A razão pela qual os Panama Papers foram revelados para o mundo foi o trabalho de jornalistas.

"Pessoas morreram por causa disso", disse Streep, referindo-se à colunista maltesa Daphne Anne Caruana Galizia, que foi morta em um ataque a bomba em 2017, depois de participar da investigação do Panama Papers.

Soderbergh, criador de clássicos como "Sex, Lies and Videotape", "Traffic", "Erin Brockovich" e a trilogia "Ocean's", disse esperar que o filme da Netflix aumente a pressão por mudanças reais.

"Juntamente com as mudanças climáticas, esse tipo de corrupção é a questão definidora deste momento. Em 2000, o 1% superior controlava um terço da riqueza do mundo. Eles agora controlam metade.

"Isso não parece sustentável e ainda estamos aqui. Transparência é a única solução", acrescentou.

No filme, Soderbergh admite que cinco empresas com as quais ele se envolveu foram registradas no estado norte-americano de Delaware, com impostos baixos, onde mais de 250 mil empresas de fachada estão registradas em um único endereço.


RFI

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