Construtora Uniq e incorporadora Urbic teriam ocultado de autoridades a descoberta de seis ossadas em obra em SP
Obra em que funcionários encontraram ao menos seis ossadas humanas | Foto: Reprodução
A Polícia Civil de São Paulo recebeu uma denúncia anônima de que funcionários de uma obra de prédios residenciais, feita pelas empresas Construtora Uniq e Incorporadora Urbic, escavavam o local quando encontraram pelo menos seis ossadas humanas.
O relato é de que os corpos estavam cobertos por um pó branco que seria similar à cal, usado para amenizar o cheiro, e apresentava “orifícios provocados por disparos de arma de fogo”. As pessoas tiraram fotos para registrar o ocorrido. A apuração da denúncia anônima foi feita pela Delegacia Seccional de Diadema em 30 de outubro.
Ao comunicar o fato a seus superiores, a ordem foi a de omitir a informação e desovar os ossos em uma área em Carapicuíba, cidade na Grande São Paulo. Um deles estava enterrado em pé, enquanto outro, de lado. Documento da Civil comprova que um funcionário confirmou a ordem de juntar as partes humanas a terra e entulho da obra e descartá-los na Lagoa de Carapicuíba, na Avenida Consolação, 505, do município.
“Fato este que causou estranheza aos funcionários, pelo fato de terem ciência de que trata-se de crime e acreditarem trabalhar em uma empresa idônea”, detalha o documento, assinado por um investigador, André Hidalgo, e um agente da Polícia Civil, Walter de Paula Silveira. A delegacia abriu inquérito para investigar o caso em 7 de novembro de 2019.
A investigação apura se o local era um cemitério clandestino usado para desova de corpos ou um cemitério antigo, “datado do tempo da escravidão, onde pobres, escravos e negros forros eram sepultados”, prossegue o arquivo da polícia.
O Doi-Codi era usado pela ditadura militar para prender e torturar pessoas opositoras ao regime ditatorial instalado no Brasil entre 1964 e 1985. Ao menos dois jornalistas foram mortos no Doi-Codi: Vladimir Herzog e Luiz Eduardo Merlino. Ambos foram torturados e morreram, enquanto a ditadura alegou que um se enforcou e o outro teria sido atropelado.
Um de seus comandantes foi o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015, única pessoa classificada como torturador da ditadura pela Justiça. Ustra é considerado herói nacional pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e foi homenageado pelo político durante voto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi torturada pelo coronel.
A Ponte solicitou um posicionamento oficial às empresas Uniq e Urbic por e-mails às 22h40 desta quinta-feira (12/12) e aguarda uma resposta oficial. A reportagem também questionou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, comandada pelo general João Camilo Pires de Campos neste governo de João Doria (PSDB) sobre a investigação e espera um posicionamento.
Ponte Jornalismo

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