Mais nova legenda da esquerda brasileira defende claramente a opção pelo socialismo. "O nosso povo pode, deve e vai ser poder nesse país", afirma presidenta do diretório paulista
Publicado por Redação RBA
REPRODUÇÃO/UP - UP: "Discutir a transformação radical da sociedade nunca foi tão urgente"
São Paulo – Fundado oficialmente no último dia 10 de dezembro, após aprovação do Tribunal Superior Eleitoral, a Unidade Popular (UP) é o mais novo partido da esquerda brasileira. Com o apoio de 1,2 milhão de assinaturas, a UP nasceu da articulação entre diversos movimentos populares, defende o socialismo e quer ser a representação do povo pobre, que compõe a maioria da população brasileira. “O capitalismo não serve para pelo menos 95% da população”, afirma a presidenta estadual da UP-SP, Vivian Mendes.
Em entrevista às jornalistas Marilu Cabañas e Nahama Nunes, para o Jornal Brasil Atual desta quinta-feira (19), a principal crítica que ela faz aos partidos de esquerda é que teriam submetido a luta política à lógica eleitoral. A UP apoiou a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas diante da atual conjuntura marcada pela ascensão da extrema-direita, Vivian diz que não é possível esperar as próximas eleições para derrotar o fascismo.
“Não é só o PT, mas outros partidos. Esperam as próximas eleições para derrotar o fascismo. A gente acha isso muito grave. A conjuntura nos mostra que esse é um grande risco. Nossa preocupação é como derrotar o fascismo hoje, com uma construção política concreta de massas”, afirmou ela. Apesar das críticas, a UP destaca a unidade no combate às forças de extrema-direita, e participa da Frente Povo Sem Medo, junto a outros partidos e movimentos sociais.
Vivian não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Disse que a tentativa de criação do seu novo partido, o Aliança pelo Brasil, é mais um movimento de ruptura com a democracia. “Não é só o discurso. São muito graves os movimentos desse governo, que precisa ser derrubado. Esse é o nosso objetivo. Temos que derrubar o governo todo. Ele foi colocado lá por fake news, de forma antidemocrática. E precisa ser derrubado urgentemente.”
A dirigente destacou que, depois de muito tempo, a UP é a primeira agremiação que não é criada a partir de um racha em um partido já existente. A necessidade da criação da legenda surgiu após os protestos de Junho de 2013. “É o partido do povo pobre. A gente acha que a defesa clara do socialismo, do poder popular, tem sido abandonada. Todos os nossos militantes são da classe trabalhadora. A gente se coloca no campo da esquerda popular e revolucionária. Discutir a transformação radical da sociedade nunca foi tão urgente. Os partidos políticos no campo da esquerda, de alguma forma, foram abrindo mão desse trabalho tão importante, que é estar junto das classes populares conscientizando o nosso povo”, declarou Vilma.
Segundo ela, um partido de esquerda tem que “ser o povo”, e não apenas propor políticas “para o povo”, e que a ascensão de Bolsonaro através do voto se deve também a esse afastamento. “A política está no dia a dia, no nosso cotidiano. Nosso objetivo é construir uma política popular diária, cotidiana. E fazer um partido de massas, bem amplo.” Com o número 80, a UP deve disputar as eleições municipais de 2020. “É sempre um momento privilegiado para discutir política com o nosso povo”. Mas o foco, segundo a presidenta estadual, é construir “núcleos políticos” nos bairros pobres e periferias do país.
“Em reunião no Jardim Pantanal (bairro do extremo-leste da capital paulista, que sofre com frequentes inundações) os moradoras apontavam que os grandes problemas eram a infestação por carrapatos e ratos, que já estavam comendo as roupas das crianças. Isso é São Paulo, uma das cidades economicamente mais importantes do mundo. Nós queremos outra sociedade”, relatou Vilma na entrevista.
Rede Brasil Atual

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