Lula Marques

O ex-presidente Lula recuperou 10% de sua confiabilidade desde fevereiro do ano passado a atinge a marca de 30%, de acordo com pesquisa Datafolha publicada no domingo.

O movimento da opinião pública pode ter sido resultado de frustração com o resultado da política econômica pós-golpe de 2016, nas mãos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, e dos vazamentos da Vaza Jato, que começaram em junho, expondo os bastidores da operação que se destinava a combater a corrupção.

A Vaza Jato, disparada pelo site Intercept, não recebeu a cobertura amigável que a Lava Jato e o ex-juiz federal Sergio Moro obtiveram na TV aberta.

“E se a Globo e as demais TVs abertas tivessem mostrado para a população o conluio, ilegalidades e crimes revelados na Vazajato? Qual teria sido o resultado dessa pesquisa?”, perguntou a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, numa rede social.

De acordo com a pesquisa, as figuras públicas com maiores taxas de alta confiabilidade são Sergio Moro (33%), Lula (30%), Jair Bolsonaro (22%) e Luciano Huck (21%).

O perfil do site Carta Maior no twitter notou que a reação do ex-presidente Lula na pesquisa acontece num quadro de permanentes ataques midiáticos que começaram com a entrevista do então deputado Roberto Jefferson denunciando o mensalão, em 2005, ou seja, 15 anos atrás:

“Desde 2006 sob o martelete diuturno da aliança da mídia com a escória, o dinheiro e o judiciário, Lula empata com Moro no quesito confiança da população. Ah, “mas na média, Moro lidera” e é esse esforço de malabarismo estatístico q ancora as garrafais da Folha deste domingo”, publicou o perfil, fazendo referência à manchete Brasileiro confia mais em Sergio Moro, diz Datafolha.

Bolsonaristas atacaram o instituto de opinião, já que o resultado da pesquisa sugere que o ministro da Justiça encarnou o antipetismo que levou Jair Bolsonaro ao Planalto.


Os maiores índices de aprovação a Moro estão entre homens, brancos e ricos — justamente o bastião do antipetismo.

Moro vem sendo incensado pela mídia brasileira desde o início da Operação Lava Jato. A operação “convenceu” jornalistas a se tornarem propagandistas do Ministério Público e do próprio juiz Moro, em reportagens e livros.

Um internauta resumiu: “Moro já teve mais de 60% de aprovação popular e agora tem só 33% de índice de confiança, segundo o Datafolha. Lula estava preso, execrado e agora tem 30% de índice de confiança empatado com o querinho da mídia. Vamos acordar e partir pra cima desse politico corrupto”.

O Datafolha comparou o índice atual de Moro apenas a uma pesquisa que trazia as mesmas perguntas, feita em fevereiro do ano passado: por isso concluiu que a taxa de confiabilidade do ex-juiz “dobrou”.

Pesquisa do Datafolha de setembro de 2019 mostrou Sergio Moro como o ministro melhor avaliado do governo Bolsonaro, com 54% de ótimo ou bom.

Como as perguntas das duas pesquisas foram distintas, não dá para cravar que Moro caiu de 54% para 33%, pois seria comparar laranja com banana.

As escolhas do Datafolha, no entanto, vão ao encontro da especulação de que Moro já é o candidato dos barões da mídia brasileira para a eleição de 2022.

Ele recebe intensa cobertura televisiva, mesmo em suas ações mais prosaicas no Ministério da Justiça.

A escolha de Moro seria uma forma de salvar a política econômica de Paulo Guedes, que agrada a elite em cheio, sem se comprometer com as ideias neofascistas de Bolsonaro.

O ex-juiz Moro jamais foi testado em uma campanha eleitoral. Num eventual debate, ficará sujeito a questionamentos sobre os métodos da Lava Jato.

O fato de Moro ter aceitado cargo no governo Bolsonaro ainda durante a campanha eleitoral, quando a Lava Jato disparou petardos contra o candidato do PT, Fernando Haddad, colocou a imparcialidade do ex-juiz em xeque.

Mesmo o colega de Magistratura que escreveu o artigo “Somos todos Sergio Moro”, publicado em 2016, se diz frustrado com as revelações da Vaza Jato — para aliados do ex-presidente Lula, a operação teve como objetivo afastar o PT do poder.

“A saída dele da magistratura e o ingresso na política, ainda que ele diga que o cargo não é político, isso gera, como gerou, em muitas pessoas, o pensamento de que ele tivesse agido politicamente. Eu não acredito que o Sergio Moro tenha agido politicamente. Mas muitas pessoas pensam, e você vai dizer que não? Que as pessoas não podem pensar assim? Podem”, disse o ex-presidente da Associação de Juizes Federais (Ajufe), Nino Oliveira Toldo, à própria Folha.

Suposto campeão do combate à corrupção, Moro tem se mantido calado sobre as acusações que pesam contra a família Bolsonaro, da lavagem de dinheiro público de funcionários de gabinete a envolvimento com milicianos do Rio de Janeiro suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco.



Viomundo

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