O dólar bateu em históricos R$ 4,4345, acabando de vez com o sonho da classe média de ir à Disney.

A Bovespa despencava 5,51% às 14h30.

São as reações do mercado à chegada do coronavírus ao Brasil.

É prematuro prever quanto o vírus vai se espalhar pelo país, a taxa de mortalidade e os danos à economia.

As autoridades parecem acreditar que o verão brasileiro, por si só, vai dar conta de limitar a epidemia.

Para além disso, a taxa de mortalidade do coronavírus foi estimado em 2% pela Organização Mundial da Saúde.

Porém, tem sido bem maior em paises como a Itália e o Irã. Pode ser pelo simples fato de que nestes dois paises há um grande número de casos que não foram oficialmente computados.

O brasileiro que trouxe o vírus da Itália desembarcou no dia 21, possivelmente assintomático, pois só foi ao hospital no dia 25. Neste espaço de tempo, potencialmente pode ter transmitido o coronavírus a um número maior de pessoas.

Para além dos impactos de curto prazo na economia, no entanto, existe algo que só um projeto de longo prazo poderia consertar.

É a decadência da indústria brasileira.

Na Crítica da Economia, Fernando Grossman e José Martins — muito antes da chegada do coronavírus — explicaram que os propagandistas das “reformas” desconsideram a decadência da indústria como um fator fundamental, quando analisam o Pibinho de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro.

Para eles, já existe um racha no bloco do poder em função disso:

Estes economistas da era bolsonariana e das reformas imperialistas no território nacional não tem a mínima ideia do papel estratégico de um forte e necessário desenvolvimento industrial para a solução dos problemas do crescimento (para não falar do desenvolvimento) econômico nacional.

Para eles a produção industrial é apenas uma variável estatística que agora se apresenta aleatoriamente como produto industrial, mais uma variável dentro do cálculo do Produto Interno Bruto (PIB). Nada mais do que isto.


As burguesias e economistas da periferia do sistema relaxam teoricamente na onda da globalização. Não têm nenhum projeto real de desenvolvimento econômico para o Brasil. Só liquidacionismo e destruição pura e simples.

A consequência prática é que o atual processo de destruição puro e simples da antiga indústria produtora brasileira é enfiado pela goela da opinião pública nacional como uma coisa tão natural e sem importância quanto as razões econômicas do aborto da substituta indústria montadora das cadeias globais que eles imaginavam implantar no Brasil.

Mas existem outros economistas com um mínimo de sanidade mental – como aqueles do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

Uma minoria que ainda mantém certa lucidez teórica e prática na defesa do que ainda resta daquela agonizante indústria desenvolvimentista do passado.

Estes últimos moicanos da antiga “burguesia industrial progressista” lamentam e choram a triste separação das suas camadas burguesas do Departamento I da economia – aquele produtor de bens de capital ou meios de produção como máquinas, equipamentos, etc. – com os inconfessáveis desígnios da nova maioria burguesa bolsonariana da FIESP, CNI, etc.

Lamentam com legítima consciência de classe em vias de extinção por mais um ano de declínio da produção nacional [queda de 1,1% em 2019]

No horizonte mais amplo de tempo, dentro do atual período global de expansão cíclica, a indústria brasileira está rigorosamente estagnada, não sai do lugar desde 2013, aproximadamente.

[…]

A evolução da economia nacional subordina-se rigidamente à dinâmica da indústria de transformação.

Essa importância estratégica da indústria, ignorada pelos atuais arautos da destruição, não passa despercebida por amplos setores das classes dominantes.

É o caso do conservador jornal O Estado de São Paulo. No editorial desta quarta-feira (5) decreta solenemente que o desafio é reindustrializar.

Adverte aqueles liquidacionistas acima destacados que “se quiser mesmo consertar a economia brasileira e reencontrar o caminho do firme crescimento, o governo terá de promover a reindustrialização do País.”.

E completa: “De vez em quando algum membro do governo fala de produtividade e competitividade, mas sem apresentar mais que vagas intenções e ideias. A expressão política industrial é evitada como blasfêmia. O discurso é geralmente um recitativo com tinturas de liberalismo econômico e nenhuma referência clara a planos, metas e instrumentos. Diante disso, até as modestas projeções conhecidas de crescimento industrial chegam a parecer otimistas.”.

Essa critica burguesa conservadora do Estadão à cantilena liberal do governo e da atual direção da FIESP morrendo de amores por Boçalnaro e seu liquidacionismo econômico é um movimento para se observar na lupa.

O processo de afundamento da economia é o suprimento material para a inevitável tendência de cisão burguesa no coração da produção industrial nacional. Esta tendência deve ser considerada como variável de peso nos cenários da guerra civil que se avizinha.


Viomundo

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