Sem farda, mas acumulando o soldo ou a pensão com o salário de servidor público.

Viomundo

Da Redação

A CPI da Pandemia entrou em recesso com um depoimento muito produtivo de um dos representantes comerciais da empresa norte-americana Davati no Brasil.

As revelações de Cristiano Carvalho se somam às do cabo da PM de Minas Gerais, Luiz Dominghetti, e dos irmãos Luís Miranda (DEM-DF) e Luís Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde.

Os irmãos Miranda dizem que o governo pretendia pagar U$ 5 a mais por doses da vacina Covaxin, fabricada pela empresa indiana Bharat Biotech, através de intermediação da Precisa, com pagamento antecipado de U$ 45 milhões à empresa Madison, ligada à Bharat, no paraíso fiscal de Cingapura.

O embaixador brasileiro na Índia e o presidente Jair Bolsonaro participaram, ainda que indiretamente, em esforços para acelerar o negócio. Francisco Maximiano, dono da Precisa, só vai depor depois do recesso.

A CPI suspeita que ele obteve a intermediação por força política do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). O deputado Miranda disse que, quando ele e o irmão foram denunciar o esquema pessoalmente no Palácio do Alvorada, Jair Bolsonaro atribuiu o esquema a Barros.

Bolsonaro não desmentiu, por causa do boato de que Luís Ricardo gravou a reunião. Barros permanece no cargo.

Este esquema teria a benção do coronel Elcio Franco, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, braço direito do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.

Ele deixou o ministério da Saúde e foi transferido para o cargo de Assessor Especial da Assessoria Especial da Casa Civil da Presidência da República, no terceiro andar do Palácio do Planalto.

Nesta condição, Franco apareceu ao lado do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, rebatendo as acusações feitas pelos irmãos Miranda e os acusando de terem forjado recibo da Madison.

De acordo com o depoimento de Cristiano Carvalho, hoje, havia dois grupos paralelos instalado no Ministério da Saúde tentando comprar vacinas através de intermediários: o de Elcio Franco, que posteriormente avocou para si todas as negociações, e o do sargento da Aeronáutica Roberto Dias, que também já deixou o ministério.

Cristiano Carvalho, por sua vez, diz que trabalhou com Dominghetti e o reverendo Amilton Gomes de Paula para conseguir uma reunião dentro do Ministério, depois das tratativas com Roberto Dias terem fracassado, quando ele pediu, na versão de Dominghetti, U$ 1 dólar de propina por dose.

Nesta reunião, no happy hour de um restaurante de Brasília, também estava presente o tenente-coronel Marcelo Blanco, que já havia deixado o cargo de diretor substituto de Logística do Ministério da Saúde.

A senadora Simone Tebet concluiu hoje que houve uma briga de quadrilhas entre intermediários.

Ela e o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues, fizeram uma impressionante lista de militares supostamente envolvidos na trama:

Ex-sargento da Aeronáutica Roberto Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde

Coronel Elcio Franco, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde

Coronel Marcelo Blanco, ex-diretor substituto de Logística do Ministério da Saúde, convertido em lobista

Coronel do Exército Cleverson Boechat Tinoco Ponciano, ex-coordenador-geral de Planejamento do Ministério da Saúde

Coronel Marcelo Pires, ex-diretor de Programas do Ministério da Saúde

Tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para o Ministério da Saúde

Coronel Gláucio Otaviano Guerra, assessor do adido militar do Brasil em Washington (fez o contato entre Cristiano e a Davati)

Coronel Guilherme Filho Odilon (ainda não totalmente identificado)

Coronel Alexandre Martinelli Cerqueira, ex-subsecretário de Assuntos Administrativos do Ministério da Saúde

Major Handerson, da Força Aérea Brasileira (ainda não totalmente identificado)

Coronel Hélcio Bruno, do Instituto Força Brasil, uma ONG bolsonarista

Curiosamente, depois da nota oficial em que o ministro da Defesa e os comandantes militares rechaçaram o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Jr., deu entrevista sugerindo que as Forças Armadas reagiriam se a CPI se aventurasse a constranger o coronel Franco e o ministro Pazuello, justamente os dois que deixaram seus cargos no Ministério mas foram “protegidos” em outros cargos do alto escalão do governo Bolsonaro.

Há dois pontos importantes a enfatizar:

As negociações por vacinas-fantasmas aconteceram enquanto o governo aparentemente enrolava a Pfizer, da qual não respondeu mais de uma centena de mensagens. A empresa norte-americana havia proposto entregar a primeira leva de vacinas ainda em dezembro de 2020.

O ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), disse que nunca usou intermediários para comprar vacinas e que as negociações sempre se deram diretamente entre o governo federal e as farmacêuticas fabricantes. 

viomundo.com.br

Comentário(s)

-Os comentários reproduzidos não refletem necessariamente a linha editorial do blog
-São impublicáveis acusações de carácter criminal, insultos, linguagem grosseira ou difamatória, violações da vida privada, incitações ao ódio ou à violência, ou que preconizem violações dos direitos humanos;
-São intoleráveis comentários racistas, xenófobos, sexistas, obscenos, homofóbicos, assim como comentários de tom extremista, violento ou de qualquer forma ofensivo em questões de etnia, nacionalidade, identidade, religião, filiação política ou partidária, clube, idade, género, preferências sexuais, incapacidade ou doença;
-É inaceitável conteúdo comercial, publicitário (Compre Bicicletas ZZZ), partidário ou propagandístico (Vota Partido XXX!);
-Os comentários não podem incluir moradas, endereços de e-mail ou números de telefone;
-Não são permitidos comentários repetidos, quer estes sejam escritos no mesmo artigo ou em artigos diferentes;
-Os comentários devem visar o tema do artigo em que são submetidos. Os comentários “fora de tópico” não serão publicados;

Postagem Anterior Próxima Postagem

ads

ads