O ataque sistemático de Bolsonaro ao STF e seus ministros deu resultado. Prova disso é que até hoje não foi julgamento no STF o caso flagrantemente ilegal do chamado "orçamento secreto", na verdade o Bolsolão, que é corrupção pura, desvio de dinheiro público para deputados do Centrão com objetivos eleitorais. Pior: a distribuição é secreta, não se sabe quem pegou, no que usou e quanto.

Quer dizer, não se sabe entre aspas, porque no debate da Band no último domingo Bolsonaro deu uma lista com deputados do PT que teriam recebido dinheiro do tal "orçamento secreto". Logo, ele e o presidente da Câmara, Arthur Lira, sabem muito bem quem está levando e quanto.

O processo está no STF há meses e nada de ser julgado.

Enquanto isso, Bolsonaro, no dizer de seu ex-ministro Ricardo Salles, passa a boiada. Já são quase R$350 bilhões que Bolsonaro está torrando para se reeleger. Cada dia é uma despesa nova. Não me surpreenderia se amanhã ou depois ele prometesse uma camisa da seleção e mil reais para cada brasileiro que quiser torcer pela seleção na Copa deste ano. E o TSE continuar calado.

Tudo isso nas barbas do TSE, que, em vez de coibir o abuso, se preocupa em proibir vídeos do próprio Bolsonaro confessando canibalismo e pedofilia, num claro prejuízo à campanha de Lula, como mostrei aqui em Decisões do TSE proíbem vídeos autoincriminatórios de Bolsonaro e desequilibram disputa eleitoral, prejudicando Lula.


Hoje, o jornalista Bernardo Mello Franco escreveu sobre isso, em O Globo:

O governo liberou ontem a quarta parcela do auxílio para motoristas autônomos. O dinheiro pingou na conta de 670 mil taxistas e caminhoneiros. Cada um deles recebeu mais R$ 1.000 antes da data prevista — e a menos de duas semanas do segundo turno.

Jair Bolsonaro anunciou o benefício com a alegação de que o combustível estava caro. O Planalto torrou recursos públicos para reduzir o preço da gasolina e do diesel, mas não se lembrou de suspender a despesa extra. Todo gasto é pouco no esforço pela reeleição.

No início de junho, o pacote de bondades já custava mais de R$ 340 bilhões, incluindo o aumento do Auxílio Brasil, o Auxílio Gás e a antecipação do 13º dos aposentados. Apesar da gastança, Lula ficou a menos de 2 milhões de votos de vencer no primeiro turno.

A paulada das urnas fez o governo raspar ainda mais os cofres públicos. Em uma semana, foram queimados outros R$ 15,7 bilhões em novos benefícios. Agora a ordem é anunciar uma benesse por dia para tentar virar a disputa.

Nem tudo é favor para quem vive no aperto. Em outra tacada eleitoreira, o governo liberou empréstimos consignados para quem recebe o Auxílio Brasil e o Benefício de Prestação Continuada. A medida produziu uma corrida às agências da Caixa. Nos próximos meses, produzirá uma legião de pobres asfixiados por juros de 50% ao ano.

A campanha de Bolsonaro informou à Justiça ter gastado R$ 15,1 milhões no primeiro turno. A quantia equivale a uma gorjeta diante do gasto real, desembolsado pelo Tesouro para favorecer o capitão. O TSE assiste ao vale-tudo de braços cruzados, como se a única ameaça ao equilíbrio da eleição fossem as lorotas despejadas na internet.

A preocupação com os vulneráveis é uma novidade na vida de Bolsonaro. Em 2000, ele foi o único entre 513 deputados a votar contra a criação do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Na década seguinte, referiu-se ao Bolsa Família como “esmola” e “farelo”. “Só tem uma utilidade o pobre neste país: votar. Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso”, discursou, em novembro de 2013.

No primeiro turno, o mapa da votação mostrou que ele estava enganado. Os pobres sacaram o dinheiro e votaram em peso na oposição.


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