Escândalo do 'criptogate' coloca Javier Milei sob intensa pressão política e judicial


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Dafne Ashton

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(Foto: Divulgação | Reuters)
(Foto: Divulgação | Reuters)

247 - O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta um dos momentos mais críticos de seu governo após ser implicado em um esquema envolvendo a promoção da criptomoeda $Libra. O escândalo, que já ganhou o apelido de "criptogate", inclui denúncias de suborno e tráfico de influência envolvendo sua irmã, Karina Milei, secretária-geral da Presidência. Durante participação no programa Bom Dia 247, a jornalista Marcia Carmo analisou a crise que ameaça a estabilidade do governo argentino.

"É um escândalo que não para de crescer, uma situação cada vez mais complicada para ele", afirmou Carmo. A crise se agravou após a revelação de que Hayden Davis, um dos criadores da criptomoeda $Libra, enviava dinheiro à irmã do presidente e alegava ter controle total sobre Milei. "Ele disse num grupo de WhatsApp que mandava 'coimas' – propinas – para a irmã de Milei e que, com isso, controlava toda a situação", ressaltou a jornalista.

A crise política e judicial em torno de Milei se intensificou com a revelação de que ele próprio fez uma publicação promovendo a criptomoeda em sua conta na rede X (antigo Twitter). "A postagem ficou cinco horas no ar. Quando a criptomoeda disparou e depois desabou, ele apagou a publicação e ficou em silêncio durante todo o fim de semana", explicou Carmo.


O episódio gerou indignação e motivou ações na Justiça, tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos. "Estima-se que 40 mil pessoas tenham perdido dinheiro, com prejuízos que variam entre 4 bilhões e 5 bilhões de dólares", destacou a jornalista. Segundo Carmo, o impacto do escândalo já se reflete no campo político, com parlamentares oposicionistas buscando assinaturas para instaurar uma CPI e até aliados de Milei cobrando explicações. "O ex-presidente Macri, que é aliado de Milei, deu uma bronca pública nele, dizendo que, no mínimo, ele tem que ser melhor assessorado", revelou.

Em entrevista recente, Milei tentou minimizar o caso, mas acabou gerando mais dúvidas. "Ele se enrola. Diz que 'o Estado não tem nada a ver com isso', mas logo depois afirma que vai 'consultar o ministro da Justiça para ver o que pode ser feito'", relatou Carmo. A jornalista destacou a contradição no discurso do presidente: "Ele promoveu a criptomoeda como algo que ajudaria pequenas e médias empresas e, depois, na entrevista, disse: 'quem entra nesse jogo sabe que é um cassino'".

Diante da gravidade das denúncias, a jornalista apontou o desgaste crescente do governo e a incerteza sobre o futuro de Milei. "A palavra do presidente, a investidura presidencial e a ética pública estão em jogo", disse. A oposição tenta avançar com um pedido formal de impeachment, enquanto o Judiciário argentino avalia se o presidente poderá ser responsabilizado criminalmente.

Milei, por sua vez, mantém sua retórica agressiva contra opositores e imprensa, mas enfrenta um cenário cada vez mais desfavorável. "A imprensa está cobrindo isso super bem, com documentos, gravações e detalhes", afirmou Carmo. "O governo ainda não apresentou um desmentido convincente. O escândalo só cresce".

Apesar das pressões políticas e judiciais, a destituição de Milei ainda não é uma certeza. "Por enquanto, ele não cai porque a oposição ainda não conseguiu as assinaturas suficientes para instaurar a CPI", ponderou a jornalista. No entanto, a crise já provoca fissuras na base governista e pode se tornar insustentável nos próximos meses.

Milei embarcou esta semana para os Estados Unidos, onde participará da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) e se reunirá com o bilionário Elon Musk. A viagem ocorre em meio a uma tempestade política que pode definir o destino de seu governo. "A pergunta que se faz agora é: em quem ele vai colocar a culpa?", questionou Carmo. Assista:



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