Cidade na fronteira com a Sérvia foi vítima de algumas das maiores violências do século XX


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Cemitério em homenagem às vítimas do massacre na cidade bósnia de Srebrenica

O ponto culminante dos horrores da Guerra da Bósnia teve lugar em Srebrenica, uma cidade de 20 mil habitantes, majoritariamente muçulmana, encravada numa região ortodoxa, a leste da Bósnia-Herzegovina.

A tomada da cidade pelos sérvios é levada a cabo na manhã de 7 de julho de 1995 e se estenderia até o dia 13 de julho, tendo como resultado o massacre de milhares de homens e adolescentes.

Desde o começo da Guerra da Bósnia, Srebrenica era alvo de numerosos ataques de um lado e de outro.

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Exumação dos corpos em Srebrenica, em 1996

Para garantir a segurança dos civis, a ONU mobilizou de 400 a 600 ‘capacetes azuis’ franceses e holandeses que se postaram ao redor da cidade, sob o comando do general francês Philippe Morillon. Em março de 1993, este oficial não hesitou em subir num tanque militar e discursar para os habitantes procurando assegurar-lhes proteção: "Não os abandonaremos!".

Contudo, a pressão sérvia sobre a cidade cresceu em meados de 1995, a despeito dos ataques aéreos das forças da OTAN.

O general Bernard Janvier, que comandava as forças das Nações Unidas na ex-Iugoslávia (FORPRONU), considerou que a cidade era indefensável e emitiu publicamente o desejo de que seus homens fossem evacuados.



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Os sérvios que sitiavam Srebrenica tomaram suas palavras ao pé da letra. Tomam como reféns os ‘capacetes azuis’ e os ameaçam de expô-los abertamente às bombas da OTAN. Os representantes da ONU negociam sua libertação em contrapartida com a suspensão das operações aéreas.

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O ex-militar sérvio Ratko Mladic, em 2011, entregue às forças da OTAN. Ele está sendo julgado em Haia

Em 7 de julho de 1995, os sérvios tomam de assalto a cidade, sob a chefia de Ratko Mladic. Este antigo oficial iugoslavo comandava desde 1993 o exército sérvio da Bósnia. Carismático e brutal, já tinha dirigido o cerco a Sarajevo e praticando deliberadamente o terror. Sua própria filha, Anna, estudante de medicina, não conseguiu mais suportá-lo e se suicidou em 1994, aos 23 anos. Este suicídio e de numerosos outros ilustravam o caráter patológico dos principais atores da Guerra da Bósnia.

Em Srebrenica, os ‘capacetes azuis’ holandeses, reduzidos ao status de simples observadores, reclamavam em vão a retomada dos raids aéreos.

Sob seus olhos, os sérvios reuniram a população da cidade e separaram os homens de mais de 15 anos. As mulheres e as crianças foram evacuadas em veículos ou a pé para as zonas de maioria muçulmana. Os homens e os adolescentes, quanto a eles, foram conduzidos à força para os bosques circundantes sob pretexto de evacuação.

Durante os dias subsequentes, os sérvios os iriam massacrar valendo-se de armas pesadas, às bordas de valas comuns, à vista e na presença da OTAN, que multiplicava os voos de observação sobre a região. Registraram-se mais tarde cerca de 8 mil vítimas do massacre.

Em 13 de julho de 1995, os ‘capacetes azuis’ holandeses foram finalmente evacuados. Durante vários dias, por ordem superior, ficaram calados a respeito dos horrores de que foram testemunhas oculares e da verdade e extensão dos massacres.

Opera Mundi

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