Redação Pragmatismo

Vídeo: Mulher levou chutes e joelhadas, ficou com olho roxo, teve o braço quebrado e precisou passar por cirurgia. Autor das agressões foi liberado na delegacia após se apresentar com advogado. Testemunhas dizem que Márcio Rodrigues é 'cristão fervoroso' e que "usa o nome de Deus para tudo"

Uma funcionária de uma padaria da cidade de Palmares Paulista (SP) teve seu braço quebrado por um homem na última sexta-feira (11) depois que pediu para ele colocar a máscara dentro do estabelecimento. O nome do agressor é Márcio Roberto Rodrigues, de 45 anos.

De acordo com Adriana Araújo, o homem estava usando o equipamento de proteção contra a Covid-19 no queixo, sem cobrir propriamente a boca e o nariz. Ela advertiu o cliente, que ficou irritado e começou a atirar objetos na funcionária.

Em seguida, ele entrou na área onde ficam os funcionários e perseguiu a vítima. Depois de alcançá-la, derrubou-a com uma rasteira e acertou um chute no seu braço. Adriana tentou fugir para outro local, mas foi agredida novamente com uma joelhada no rosto.

“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou Adriana.

Depois de receber ajuda de uma amiga que presenciou as primeiras agressões, a atendente conta que conseguiu se levantar e correu para uma casa, que estava com o portão aberto. Porém, Márcio seguiu a vítima novamente.

“O dono da casa pediu para sairmos. Eu dei a volta no carro, com o braço quebrado, e consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. O homem chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.

Enquanto era agredida pela segunda vez, Adriana se levantou, correu e encontrou uma moradora, que a abraçou e a colocou para dentro de uma casa. Em seguida, a atendente foi levada para o pronto-socorro de Catanduva (SP).

“Aconteceu tudo isso por causa de uma máscara. Não o conhecia. Ele simplesmente não quis colocar a máscara. Ele era enorme. Se eu não tivesse corrido, não estaria aqui. Não sei de onde achei forças para correr”, disse atendente.

Segundo o Boletim de Ocorrência, Rodrigues passou por um atendimento médico e depois foi encaminhado a uma delegacia. Lá, com seu advogado, não quis prestar depoimento, mas foi liberado.

“Quero Justiça. Quero que seja preso e pague por tudo, inclusive pela minha cirurgia. Ganho um salário mínimo. Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Enquanto eu estava no hospital, com dor e sofrendo, o homem estava na casa dele. Não é justo”, complementou.

‘Cristão fervoroso’

A professora e ativista pelos direitos das mulheres Lola Aranovich conversou com moradores de Palmares Paulista. Testemunhas afirmaram que Márcio Rodrigues é um ‘cristão fervoroso’ e que “usa o nome de Deus para tudo”.

“Um morador me contou que a rua estava repleta de gente e ninguém fez nada, e que não foi a primeira vez que Márcio se envolve em brigas, que isso acontece todo ano, mas foi a primeira vez que ele agrediu uma mulher em público. Nunca deu em nada, porque sua família é tradicional, embora não poderosa. O morador contou que Márcio não tem problemas mentais”.

“Márcio foi liberado sem prestar depoimento. Só após a repercussão do caso é que a polícia decidiu abrir um inquérito contra ele, e mesmo assim, só por lesão corporal, não por tentativa de homicídio; ou feminicídio, se for considerado que ele atacou Adriana por ser mulher”, disse Lola.

A agressão de Márcio contra Adriana aconteceu um dia após o presidente Jair Bolsonaro declarar, em rede nacional, que o Ministério da Saúde elaboraria um parecer para desobrigar o uso de máscara de proteção em pessoas vacinadas ou que já tiveram a Covid-19 e se recuperaram da doença.

VÍDEO E FOTOS:


 
Márcio Roberto Rodrigues

 

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