A imprensa francesa analisa nesta segunda-feira (21) os resultados do primeiro turno das eleições regionais na França. A votação nesse domingo (20) trouxe algumas surpresas. Ela foi marcada por um recorde histórico de abstenção muito superior ao que previam as pesquisas. Dois terços dos eleitores (66,1%) boicotaram as urnas, contra menos de um terço em 2015 (49,9 %).
Para o diário Le Parisien, a crise democrática está confirmada no país. "A pandemia de Covid-19 não é suficiente para explicar esse desencontro entre cidadãos e políticos", opina o jornal Libération. Entre os eleitores de 18 a 24 anos, a abstenção alcançou 87%.
A direita republicana (sigla Os Republicanos- LR) sai reforçada do primeiro turno das eleições regionais, à frente em sete das 13 regiões administrativas do país, enquanto o partido do presidente Emmanuel Macron (A República em Marcha-LREM) "toma um novo tapa na cara" ao chegar em quinto lugar, nota o jornal britânico The Guardian. Quatro anos após a chegada de Macron ao Palácio do Eliseu, o partido governista continua sem implantação local, com apenas 11% de votos.
Os eleitores que foram às urnas optaram majoritariamente pelos atuais presidentes de região no poder. Isso faz da esquerda (Partido Socialista-PS e aliados) a segunda vencedora da votação. O Partido Socialista tem a possibilidade de manter suas cinco regiões, destaca o Le Monde.
Partido de Le Pen lidera em apenas uma região
Por outro lado, "longe do desempenho previsto pelas pesquisas, o partido de extrema direita de Marine Le Pen (Reunião Nacional) recua em todas as regiões", ressalta o Libération. O RN perde pelo menos nove pontos em relação à eleição anterior e chega em primeiro lugar em apenas uma região - Paca, sigla de Provence-Alpes e Côte d'Azur. Mas como a direita chega logo atrás com 4 pontos de desvantagem, os nacionalistas sequer têm garantias de conquistar essa região no segundo turno, no próximo domingo (27).
A abstenção entre os eleitores de Marine Le Pen foi altíssima, estimada em 69%. Só um terço dos trabalhadores da indústria, que hoje formam boa parte do eleitorado de Le Pen, depositaram seu voto na urna.
Mudança de perspectiva para presidencial de 2022
A campanha foi curta e quase inexistente por causa da pandemia, sem comícios, distribuição de panfletos e porta a porta, como é de costume na França. "Marine Le Pen acreditou muito depressa que sua hora tinha chegado", ironiza o Le Parisien. Sem querer ou querendo, os franceses começaram a mudar o contorno da eleição presidencial de maio de 2022.
Um duelo entre o centrista Emmanuel Macron e Marine Le Pen não é mais uma certeza. Macron poderá enfrentar no segundo turno um candidato de direita, e o político que sai deste primeiro turno com a melhor credencial para este desafio é Xavier Bertrand, do LR, ex-ministro do Trabalho e da Saúde no governo de Nicolas Sarkozy.
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